Sempre me questionei, após
ler os livros do escritor John Green,
o motivo das histórias ainda não terem ido aos cinemas. A maneira como suas
obras conversam, sobre diversos temas da vida, com o público jovem, são um
grande atrativo. Em um espaço relativamente curto de tempo entre eles, chegaram
A Culpa é das Estrelas, em 2014, e Cidades de Papel, estreia recente nos
cinemas brasileiros.
Ainda que guardem
elementos em comum, as narrativas de Green possuem um tom característico e em Paper Towns (nome original) não é
diferente. Os roteiristas são Scott Neustadter
e Michael H. Weber, eles novamente
adaptam uma obra do autor; a dupla também roteirizou The Fault In Our Stars (nome original) – dentre outros trabalhos, adaptaram
O Maravilhoso Agora (The Spectacular Now) e, Neustadter,
baseado em dois relacionamentos reais, criou a história 500 Dias Com Ela (500 Days Of
Summer). Ou seja, pela bagagem de ambos, fica fácil perceber que também
possuem uma linguagem que fala bastante com o público adolescente. Jake Schreier (Frank e o Robô) faz uma boa direção, sem inovação ou brilhantismo,
mas também passa distante do fracasso.
Natt
Wolf,
que foi um bom coadjuvante em A Culpa é
das Estrelas, agora é o protagonista, Quentin. O garoto é apaixonado pela
indecifrável e bela, Margo Roth Spielgeman, interpretada por Cara Delenvigne. Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams) – este último destaca-se
pela atuação, repetindo o feito de Wolf como coadjuvante – interpretam os
melhores amigos de Quentin.
Margo e Quentin se
conhecem após tornarem-se vizinhos, ainda crianças, e consequentemente grandes
amigos. O decorrer dos anos faz Quentin entender que está apaixonado pela
garota, mas passagem do tempo acaba afastando-os, embora ainda morem lado a
lado. Separados pela adolescência, Quentin tem uma grata surpresa quando, em uma
noite qualquer, Margo invade seu quarto, convidando-o para fazer parte de sua
vingança contra pessoas que lhe fizeram mal.
Ele vive a melhor noite
de sua vida, porém, nos dias posteriores à insana aventura, Margo desaparece
sem deixar pistas – exceto para Quentin. Unidos com os amigos e cheio de
paixão, Quentin sai à procura de mais pistas, o que os leva em uma verdadeira road trip na incessante busca por Margo.
Os leitores mais fiéis estranharão
a livre adaptação feita da obra. Em certo momento, ganha vida própria, desprendendo-se
do enredo do livro. Não é recente a birra que pessoas nutrem quanto à
fidelidade, na maioria dos casos, ela pende para o lado negativo (vide Under The Dome); mas em Cidades de Papel ocorre o contrário.
Muitos excessos em relação à história original são retirados, dando agilidade
ao enredo e melhorando as mensagens passadas por John Green (ponto para os
roteiristas). Quanto ao final, ele não é exatamente como no livro, o que vai
gerar muita discussão entre os fãs. Entretanto, assim como a liberdade de uma adaptação
prejudica, a aposta dos responsáveis, consegue mostrar que podem existir ganhos.
E esses benefícios ficam claros na atualização das referências da cultura pop
(rimos com citações de Pokémon a Game Of Thrones), que geram trechos
divertidos na projeção.
Os personagens seguem a
mesma ótima linha de construção e são bem desenvolvidos dentro da narrativa, o
que auxilia muito os protagonistas, uma vez que Natt Wolf e Cara Delenvigne não
tenham uma química excelente. Pontos chaves do livro fazem-se presentes, para
delírio dos leitores.
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