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10.7.15

[Cine SB] Cidades de Papel



Sempre me questionei, após ler os livros do escritor John Green, o motivo das histórias ainda não terem ido aos cinemas. A maneira como suas obras conversam, sobre diversos temas da vida, com o público jovem, são um grande atrativo. Em um espaço relativamente curto de tempo entre eles, chegaram A Culpa é das Estrelas, em 2014, e Cidades de Papel, estreia recente nos cinemas brasileiros.
Ainda que guardem elementos em comum, as narrativas de Green possuem um tom característico e em Paper Towns (nome original) não é diferente. Os roteiristas são Scott Neustadter e Michael H. Weber, eles novamente adaptam uma obra do autor; a dupla também roteirizou The Fault In Our Stars (nome original) – dentre outros trabalhos, adaptaram O Maravilhoso Agora (The Spectacular Now) e, Neustadter, baseado em dois relacionamentos reais, criou a história 500 Dias Com Ela (500 Days Of Summer). Ou seja, pela bagagem de ambos, fica fácil perceber que também possuem uma linguagem que fala bastante com o público adolescente. Jake Schreier (Frank e o Robô) faz uma boa direção, sem inovação ou brilhantismo, mas também passa distante do fracasso.

Natt Wolf, que foi um bom coadjuvante em A Culpa é das Estrelas, agora é o protagonista, Quentin. O garoto é apaixonado pela indecifrável e bela, Margo Roth Spielgeman, interpretada por Cara Delenvigne. Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams) – este último destaca-se pela atuação, repetindo o feito de Wolf como coadjuvante – interpretam os melhores amigos de Quentin.


Margo e Quentin se conhecem após tornarem-se vizinhos, ainda crianças, e consequentemente grandes amigos. O decorrer dos anos faz Quentin entender que está apaixonado pela garota, mas passagem do tempo acaba afastando-os, embora ainda morem lado a lado. Separados pela adolescência, Quentin tem uma grata surpresa quando, em uma noite qualquer, Margo invade seu quarto, convidando-o para fazer parte de sua vingança contra pessoas que lhe fizeram mal.

Ele vive a melhor noite de sua vida, porém, nos dias posteriores à insana aventura, Margo desaparece sem deixar pistas – exceto para Quentin. Unidos com os amigos e cheio de paixão, Quentin sai à procura de mais pistas, o que os leva em uma verdadeira road trip na incessante busca por Margo.
Os leitores mais fiéis estranharão a livre adaptação feita da obra. Em certo momento, ganha vida própria, desprendendo-se do enredo do livro. Não é recente a birra que pessoas nutrem quanto à fidelidade, na maioria dos casos, ela pende para o lado negativo (vide Under The Dome); mas em Cidades de Papel ocorre o contrário. Muitos excessos em relação à história original são retirados, dando agilidade ao enredo e melhorando as mensagens passadas por John Green (ponto para os roteiristas). Quanto ao final, ele não é exatamente como no livro, o que vai gerar muita discussão entre os fãs. Entretanto, assim como a liberdade de uma adaptação prejudica, a aposta dos responsáveis, consegue mostrar que podem existir ganhos. E esses benefícios ficam claros na atualização das referências da cultura pop (rimos com citações de Pokémon a Game Of Thrones), que geram trechos divertidos na projeção.

Os personagens seguem a mesma ótima linha de construção e são bem desenvolvidos dentro da narrativa, o que auxilia muito os protagonistas, uma vez que Natt Wolf e Cara Delenvigne não tenham uma química excelente. Pontos chaves do livro fazem-se presentes, para delírio dos leitores.
O filme é voltado para o publico jovem, cujas amizades e amores estão sendo despertados, mas também desperta a nostalgia de tempos escolares e grandes amizades da vida nos mais velhos. Cidades de Papel está cheio de bons sentimentos que nos remetem a fases emocionantes de nossas existências.  



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