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10.7.15

[Resenha] Cidades de Papel :: John Green

Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 366
Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma. Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte. Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia.


O livro é narrado pelo jovem Quentin (ou apenas Q), que é platonicamente apaixonado pela sua vizinha e melhor amiga de infância, só de infância mesmo, pois hoje em dia eles nem se falam mais, isso é, até o dia em que Margo aparece toda vestida de preto durante a madrugada na janela de Q dizendo que precisa da sua ajuda, e ele como um bobo tentando desvendar o mistério que é a sua bela/maravilhosa/deslumbrante vizinha, Margo Roth Spiegelman, resolve embarcar na loucura.
‘‘Margo sempre adorou um mistério. E, com tudo o que aconteceu depois, nunca consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um.’’
Durante aquela madrugada eles fazem coisas que Q nunca pensou ser capaz de fazer, ele até quase entra em pânico em uma certa situação. Tudo se resume a uma prestação de contas por parte da senhorita Margo Roth Spiegelman. E durante a madrugada ele acaba conhecendo mais sobre Margo.

Q tinha esperanças de que no dia seguinte no colégio tudo fosse ser diferente, tinha esperanças de que a garota mais popular do colégio começasse a andar com ele, já que eles haviam dividido tantos momentos importantes juntos na noite passada. Só que Margo não vai a aula e depois ele descobre que mais uma vez ela está desaparecida. Margo já havia sumido várias vezes antes, por isso as pessoas estavam despreocupadas, pois tinham fé que ela voltaria, como fizera vezes antes, sem falar que por já ter 18 anos, legalmente ela já é considerada adulta. Mas o Quentin não tinha um bom pressentimento com relação a esse recente desaparecimento, ele sentia que tinha algo de diferente dessa vez.
‘‘Dei de ombros. Não sabia a resposta, mas é claro que tinha esperanças: talvez Margo precisasse testar minha convicção. Talvez ela quisesse ser encontrada, e por mim. Talvez, da mesma forma como me escolhera na noite mais longa, tivesse me escolhido de novo. E talvez riquezas incontáveis estivessem à espera de quem a encontrasse. ’’
E conforme os dias passam Q está cada vez mais intrigado com o desaparecimento de Margo, ele não consegue pensar em mais nada a não ser achar as respostas para as perguntas ligadas a sua vizinha. Q começa a ficar obsessivo com isso afinal, ele precisa resolver os enigmas e pistas deixados pela Margo, desvendar o seu paradeiro e o motivo do seu desaparecimento. E no decorrer do livro conhecemos a Margo pelos olhos dos outros, conhecemos a garota idealizada.
 ‘‘ – Isso sempre me pareceu tão ridículo, que as pessoas pudessem querer ficar com alguém só por causa de beleza. É como escolher o cereal de manhã pela cor, e não pelo sabor. A propósito, a gente vai pegar a próxima saída. Mas eu não sou bonita, não de perto, pelo menos. Normalmente, quanto mais as pessoas se aproximam de mim, menos me acham atraente. ’’
Quando pequenos, os dois – como eu já disse, eram melhores amigos e- presenciaram uma cena traumática, que, aparentemente não afetou ao Quentin, mas que mexeu muito com a Margo, mesmo que na época ela não tenha demonstrado. Percebemos isso pelo fato de ela sempre estar se relembrando do ocorrido e por falar de situações e metáforas que estejam ligadas a essa situação. Os pais da Margo não ligam muito para ela e ela também é conhecida por ser muito independente e por gostar de chamar atenção, então eu só fiquei pensando... será que ninguém percebeu que essa garota tem sérios problemas? Várias coisas que ela fala realmente fazem sentido, só que o idealismo dela chegou a ser várias vezes, para mim, patético. Tive vontade de dizer, ''querida, caia na real, fugir não é a solução e se você está tão incomodada com algo lute contra isso'', mas pensando agora acho que no fundo ela se sentia só.
‘‘ – Acho que a minha dúvida principal é se foi o lugar ou se foram as pessoas. Por exemplo, e se as pessoas ao seu redor tivessem sido outras?  - Mas não da para separar uma coisa da outra, não é? As pessoas são o lugar, e o lugar é as pessoas. De qualquer forma, eu não achei que houvesse mais ninguém para ser amiga. Eu pensava que todo mundo fosse medroso (...) ou indiferente (...).’’
Durante a narrativa conhecemos outros personagens, como os amigos e fiéis escudeiros do Quentin, Ben e Radar, e a amiga da Margo, Lacey. Para mim quem fez o livro valer a pena foram esses personagens, pois eles são responsáveis por cenas e diálogos hilariantes e são super carismáticos.

Durante a maior parte do livro, Quentin trabalha duro para encontrar Margo. Morta ou viva. Algumas pistas são fáceis de desvendar e outras são praticamente impossíveis! Fiquei cansada com essa obsessão do personagem, ele não fazia outra coisa se não ficar correndo atrás da Margo e ainda brigava com os amigos quando eles preferiam fazer outra coisa ao invés de ficar desvendando as pistas deixadas por uma garota que não falava com o Quentin nos últimos 9 anos! ¬¬

''A prosa de Green é impressionante - de gírias e palavrões hilários e intelectuais a filosofias complexas e observações verdadeiras e devastadoras.'' – School Library Journal

Livro perspicaz, inteligente e com ótimos personagens bem construídos. Os personagens são bem verossímeis. O livro é repleto de metáforas e citações incríveis, que servem acima de tudo para reflexão de vida e nos faz ter mais empatia pelo próximo. Quando comecei a ler Cidades de Papel não fazia ideia do que esperar, e infelizmente acabei lendo Quem é Você, Alasca? antes desse livro e foi inevitável não comparar. A escrita de Green é boa mas no final do livro eu já estava com pouca paciência com relação ao protagonista e quando terminei de ler o livro pensei ‘’ufa, acabei.’’.
‘‘ – Nada acontece como a gente acha que vai acontecer – diz ela. (..)  - Verdade – digo. Mas depois que penso por um segundo, acrescento: - Mas se você não imaginar, as coisas sequer chegam a acontecer.''
Há muitas pessoas na blogsfera que comparam esse livro à Quem é Você, Alasca? E realmente, claro que os livros não são iguais, mas tem MUITAS semelhanças. A começar pela premissa de ambos: garoto nerd que é apaixonado pela garota mais espetacular do colégio só que antes de ele ter a chance de ficar com essa garota, algum mistério surge com relação a ela e junto à dois amigos homens eles desvendarão o mistério. 

A diagramação ficou perfeita. Indico o livro para quem curte o gênero YA (Young Adult) e quer conhecer a escrita do John Green. Adoro a forma como o autor escreve e eu até teria gostado do protagonista se ele não tivesse ficado tão obcecado em desvendar o mistério do paradeiro da Margo.

E nessa semana o livro chega às telonas! Quem já leu o livro ou quer ler, favor dizer o que achou ;)


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