[Resenha] A vingança de Mara Dyer :: Michelle Hodkin

A vingança de Mara Dyer  - Mara Dyer  #3

Autora: Michelle Hodkin

Editora: Galera Record

Páginas: 375

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Mara Dyer passou muito tempo de olhos fechados. Sem entender seu dom, sua verdadeira natureza. Isso está prestes a acabar. Ela perdeu tudo. Amigos, família e, o mais importante, Noah... Não, ela não pode pensar em Noah, se recusa a acreditar em sua morte. Ela sabe que ele ainda está vivo. São yin e yang, os dois lados da mesma moeda: vida e morte; doença e cura. Ele é eterno. Ao acordar em um centro de pesquisas, cobaia de um experimento cego conduzido pela Dra. Kells, Mara tem apenas um pensamento: fugir e encontrar Noah. E, juntos, descobrirem mais sobre os próprios poderes.

Se a trilogia da Mara Dyer inspirou resenhas muito controversas (primeiro livro e segundo livro), esse último livro foi, dos três, o que mais rendeu o que dizer por aí. Tem gente que amou de se acabar e tem gente que acha que o livro destruiu a série toda. Quanto a mim, achei que esse foi o melhor dos três livros, com minha salva de palmas para a quantidade de sangue derramado (que eu adoro), por me fazer quase gostar do personagem Jamie (que eu não adoro, mas também não odeio mais) e para tudo o que envolvia experimentos científicos (que eu achei demais, mas só com os outros; eu não queria estar na pele da Mara naqueles primeiros capítulos). 

Hodkin fez um ótimo trabalho de planejamento, não tem como negar. Finalmente vemos todos os acontecimentos dos livros anteriores se amarrando em uma resolução que, passado e presente embaralhados, realmente me satisfez. Eu gostei muito da conversa científica ali, dos arquivos do centro de pesquisas, do passado de Kells e da história da avó da Mara. Mas esse não é um livro denso, mesmo com todas as explicações, temos vários momentos de descontração e a linguagem é fluida, simples, por ser contado da perspectiva de uma adolescente. 

Acho que é fundamental entender a idade dos personagens, principalmente da Mara, para apreciar melhor a narrativa. Há certos dramas, certos exageros no livro, que eu sentiria na pele aos dezesseis e dezessete anos, e talvez o fato de eu estar na madura casa dos dezenove (eu lavo a minhas próprias calcinhas, afinal) tenha me impedido de me emocionar em alguns momentos, mas eu entendia o que a Mara estava sentido. Been there, done that, girl (exceto pelo pequeno detalhe de eu nunca ter sido usada como cobaia e nem ter o poder de matar os outros com o pensamento). 

Tive alguns problemas com a tradução da história, momentos em que eu não podia deixar de imaginar como aquilo teria sido escrito em inglês e em como aquela frase não funcionava em português. Além disso, talvez por esse ser o único livro da trilogia que realmente li (ouvi o audiobook dos outros), alguns aspectos da escrita da autora me tiraram, em vários momentos, da minha imersão na história. Um deles é a insistência dela em usar substitutos para não repetir o nome dos personagens, tais como "o menino" ou "minha amiga". Daí, de repente, no meio de um diálogo com o Jamie, a Mara dizia "o menino falou" e eu ficava me perguntando que menino era esse que tinha entrado na história. Sou daquelas que preferem muito mais repetição de nomes a esses substitutos, mas pelo menos Hodkin não chamou ninguém pela cor do cabelo. 

Não posso falar muita coisa sem correr o risco de estragar a surpresa, esse é um daqueles livros que ficam melhores com o suspense. Até lendo esta resenha você está correndo um risco. Mesmo assim, devo avisar que esse terceiro livro é muito diferente dos demais, é mais intenso e mais focado na Mara e no que ela é. A própria Mara está diferente, o que eu entendo perfeitamente depois do que ela passou. Não dá para esperar que os personagens continuem os mesmos sempre. Além disso, a mudança da Mara é para melhor, estava na hora de ela ser um pouquinho menos passiva. Por ele ser um livro diferente dos outros que eu gostei mais dele, com a mudança da Mara inclusa aí, apesar de eu ter lhe dado três estrelas como aos outros. Essa é, no geral, uma série que não ultrapassa três estrelas se comparada às de que mais gosto.

Para você que está adiando a leitura por medo das resenhas por aí, está na hora de tirar essa capa linda da estante (aliás, o livro todo é lindo, eu amo a fonte do título e dos números dos capítulos de um jeito que não é normal amar uma fonte). Esse não é mais um caso de final de trilogia que deixa a desejar. A não ser Noah. Eu ainda desejo um Noah. Até pedi para o Papai Noel e tudo.

Vai ver às vezes só conseguimos ver a verdade sobre nós mesmos se alguém mostra para onde olhar.