[Resenha] Os Pequenos Homens Livres :: Terry Pratchett

Os pequenos homens livres - Tiffany Dolorida #1

Autora: Terry Pratchett

Editora: Galera Record

Páginas: 304

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Um perigo oculto, saído de pesadelos, vem trazendo uma ameaça diretamente do outro lado da realidade. Armada com tão somente uma frigideira e seu bom senso, a pequena futura bruxa Tiffany Dolorida deve defender seu lar contra fadas brutais, cavaleiros sem cabeça, cães sobrenaturais e a própria Rainha das Fadas, monarca absoluta de um mundo em que realidade e pesadelo se entrelaçam. Felizmente, ela contará com uma ajuda inesperada: os Nac Mac Feegle da região, também conhecidos como os Pequenos Homens Livres, um clã de homenzinhos azuis ferozes, ladrões de ovelhas, portadores de espadas e donos de uma altura de mais ou menos quinze centímetros. Conseguirão eles salvar as terras quentes e verdejantes de Tiffany?

Tiffany Dolorida é uma garotinha de 9 anos que vê o mundo de uma forma bem peculiar, digamos apenas que quando ela viu homenzinhos de 15 centímetros no riacho perto de sua casa, pescando e gritando com ela algo sobre ela ter cuidado com o que estava vindo, ela não se assustou ou gritou ou pensou que aquilo era impossível, simplesmente os olhou e prestou atenção ao seu redor.

Ela ouviu os sons sumirem, ela viu o mundo ganhar uma tonalidade irreal, ela sentiu que algo não estava certo, ela notou como de repente o riacho parecia mais profundo do que deveria, então quando um mostro verde apareceu e tentou pegar seu irmão caçula grudento, ela correu, se armou de uma frigideira e se utilizando do irmão como isca ela foi lá e PUFT no mostro, deu uma boa batida com metal e nele e o mundo voltou ao normal.

Ou não, já que tanto os homenzinhos quanto uma bruxa de outra terra por meio de uma xícara de chá a estavam observando e ficaram impressionados, ela não deveria ser capaz disso e se foi isso significava que ela era uma bruxa e como tal, ela tem deveres a cumprir, coisas a aprender.

Contudo antes mesmo que isso possa ser posto em prática seu irmão desaparece e seres estranhos começam a aparecer em seu mundo, indo até os homenzinhos que a alertaram uma vez ela não só descobre que seu irmão foi raptado pela Rainha das Fadas como também que seu mundo está prestes a ser invadidos por seres saídos dos piores pesadelos... e ela tem que dar um jeito nisso.

Assim Tiffany Dolorida Sai com sua frigideira, a ajuda de centenas de homens pequeninos e um sapo que um dia talvez tenha sido um homem, mas que sinceramente não se lembra bem porque a fada madrinha o transformou.

O livro tem uma pegada fantástica ao estilo Nárnia, tudo é possível e as crianças tem uma maturidade que nos faz esquecer que eles são tão jovens ao longo da leitura, mas também posso dizer que para aqueles que curtem bruxas, fadas e o reino delas, povoados por todos os tipos de seres e elfos que não são bons como querem nos fazer acreditar quando somos pequenos, essa é uma leitura bem válida. Mas eu acredito que eu recomendo principalmente para crianças entre seus 10-15 anos, é muito amor, um prazer garantido.

Tiffany é a segunda mais nova em uma fazenda e numa fazenda ninguém não faz nada e uma parte do trabalho dela é cuidar do irmãos mais novo que ela não gosta muito se for bem sincera consigo mesmo, mas a garotinha tem um senso de dever incrível e uma curiosidade gigantesta.

Ao longo das páginas a vemos questionar tudo e todos, ela não aceitam um "Porque é assim!" e fica satisfeita, ela vai atrás de explicações e odeia injustiças, tanto que quando uma velha senhora é acusada de bruxaria, pois o filho do Barrão sumiu perto de suas terras, a menina não acredita nisso e apesar de não ter conseguido impedir a morte da senhora, ela quer se tornar uma bruxa não só para provar que uma senhora não poderia ter assado uma criança no formo sendo que este tem 22 cm, como também para impedir que isso possa acontecer novamente.

..."um belo príncipe"... mas era ele belo mesmo, ou só porque era príncipe as pessoas o chamavam de belo? E a "menina que era tão linda quanto o amanhecer"... bom, que amanhecer? Nos solstício do inverno quase não havia luz ao amanhecer! As histórias não queriam que você pensasse, só queriam que você acreditasse no que contavam...

O mesmo com relação ao seu irmão, quando ele some ela não se sente infeliz, ele dá trabalho, chora, grita e só quer comer doces e atrapalha um bocado a vida dela, mas ela sabe que isso não significa que ela deva deixar ele sumido sabendo onde ele está, até porque ele é filho de sua mãe e ela está preocupada e ninguém vai pegar as coisas que são dela e estão aos seus cuidados e ficar por isso.

- O segredo não é sonhar - sussurrou. - O segredo é acordar. Acordar é mais difícil. Eu acordei e sou real. Eu sei de onde venho e para onde vou. Você não pode mais me enganar. Nem me tocar. Nem tocar qualquer coisa que seja minha.

Vemos a menina crescer e jogar questões fundamentais o tempo todo na roda, uma criança que ler isso estará o tempo todo em contato com uma protagonista que fala com eles, passa por dramas semelhantes e supera isso de maneira ética e moralizante, é ensinar sem ensinar de verdade, é mostrar que ser uma pessoa educada vai além do "por favor" e "obrigada", pois ser educado é não ser ignorante perante o mundo, é ver além do que os outros querem que vejamos, é julgar com a nossa própria cabeça e não ir com a massa, é fazer o que é certo mesmo que pareça difícil.

- Os que podem fazer têm que fazer pelos que num podem. E alguém tem que falar pelos que num têm voz.

Postado por
Agatha