[Resenha] Filha da Floresta :: Juliet Marillier

Filha da Floresta - Sevenwaters #1

Autora: Juliet Marillier

Editora: Butterfly

Páginas: 616

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O domínio de Sevenwaters é um lugar remoto, estranho, guardado e preservado por homens silenciosos e criaturas encantadas, além dos sábios druidas, que deslizam pelos bosques vestidos com seus longos mantos... Passada no crepúsculo celta da velha Irlanda, quando o mito era lei e a magia uma força da natureza, esta é a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho, o soturno Lorde Colum, e dos seus seis amados irmãos, vítimas de uma terrível maldição que somente Sorcha é capaz de quebrar. Em sua difícil tarefa, imposta pelos Seres da Floresta, a jovem se vê dividida entre o dever, que significa a quebra do encantamento que aprisiona seus irmãos, e um amor cada vez mais forte, e proibido, pelo guerreiro que lhe prometeu proteção.

Se você é fã da famosa série Guerra dos Tronos, do George Martin, provavelmente vai se interessar pela série Sevenwaters. Com uma pegada um pouco mais jovem, Filha da Floresta - o primeiro livro da série - vem ajudar a ressaca literária pra quem já terminou Guerra dos Tronos.

O livro conta a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho. Ela mora com seus irmãos mais velhos e o pai no norte da Irlanda. Seu pai é o Lorde de Sevenwaters, um território fortemente influenciado pela cultura celta que cultiva poderes antigos e a relação com a natureza e os animais. Sua terra, porém, está em conflito com a Bretanha e ambos lutam para conseguir o domínio das ilhas que ficam entre os dois territórios.

Tudo isso aliado à nova mulher que seu pai resolveu tomar como esposa. Ela parece conseguir manipular a maioria das pessoas para fazerem suas vontades, inclusive o próprio Lorde não fica imune aos charmes da mulher. Preocupados com o futuro do país e de suas terras, os sete irmãos se juntam em um ritual para pedir ajuda aos seres da floresta.

Porém, é no meio desse ritual que a esposa do pai aparece e lança uma maldição em todos os irmãos homens: eles se tornam cisnes durante o ano inteiro e apenas durante os solstícios de verão e inverno poderão retornar à forma humana. Sorcha procura então a ajuda da Dama da Floresta, um ser místico que lhe explica que, para quebrar a maldição, Sorcha deve tecer seis blusas para seus irmãos a partir de uma planta d'água cheia de espinhos. Durante o processo, a menina fica proibida de falar qualquer coisa sequer, ou seus irmãos nunca mais se tornarão humanos por completo novamente.

A partir daí começa a jornada de Sorcha, uma menina novinha que sobrevivia debaixo das asas do irmão e do conforto da casa do Lorde de Sevenwaters, mas que precisa sair de toda a sua zona de conforto para salvar o que resta de sua família.

"Você tem uma longa jornada pela frente. Não há tempo para chorar."

Sorcha passa por um crescimento assustador, tanto por conta da fase da adolescência quanto por ter que se virar sozinha. Ela passa por testes e é forjada a ferro por todas as situações que lhe aparecem. Ela aprende em quem pode confiar e, por não falar e ser levada para terras inimigas em certo ponto do livro, ela vê como exatamente todos os humanos lidam uns com os outros em tempos de guerra.

É um livro que, assim como Guerra dos Tronos, mostra sem restrições as relações humanas, sejam elas atitudes de humanos sedentos por poder ou até como o amor também pode florescer em épocas difíceis. Eu, particularmente, sempre fico interessada em livros que tratem exatamente disso e que mostrem com sinceridade os pontos mais fortes e os mais fracos das pessoas.

"Honra, confiança, coragem, amor verdadeiro e também perversidade, falsidade, covardia e ódio. O que nos faz sentir bem e o que nos choca, o que nos faz rir e o que nos faz chorar. As verdades mostradas nos contos tocam o mais fundo de nosso ser e nos mostram como é sutil a diferença entre o mundo tangível em que vivemos e o eterno Outro Mundo."

Assim como a proposta já sugere, é um livro bem denso e um pouco mais devagar, o que não se torna uma coisa ruim. A complexidade das lendas, das histórias e das guerras antigas são explicadas e o leitor tem bastante acesso a descrições de paisagens, comidas e aromas, o que faz com que a leitura seja bem intensa.

Minha única crítica é que achei o começo do livro demorado demais. Apesar dele todo ser mais denso, o começo se torna até repetitivo por causa das atividades rotineiras de Sorcha. O próprio enredo da maldição em si, que está escrito no resumo do livro e é o foco da narrativa, só aparece lá pela página 200. Ou seja, até lá eu admito que demorei bastante, mas assim que a maldição é feita, o livro ganha ritmo e coisas diferentes começam a acontecer.

O livro possui algumas partes bem fortes e intensas, até mesmo sobre abuso sexual, por isso não recomendo para um público muito jovem ou para quem não se sinta confortável lendo esse tipo de conteúdo.

Porém, pra quem procura por uma fantasia com dramas políticos, romances e um cenário incrível, esse é o livro certo. Eu sou apaixonada por mitologia celta e adoro toda essa cultura que envolve a natureza e que ainda é presente em algumas partes do Reino Unido. Por isso, o livro me cativou com todas as lendas que trazia, isso sem contar com o próprio desfecho da história de Sorcha.

Eu tive a impressão de que o próprio primeiro volume já tinha uma conclusão pra história, por isso fico ainda mais curiosa pra saber o que pode se desenvolver nos próximos livros. De qualquer forma, os mitos e a natureza foram elementos que me encantaram e que com certeza permanecerão na continuação.

Toda a narrativa é baseada no conto Os Seis Cisnes, dos Irmãos Grimm, mas desenvolvido com base na cultura celta e fortes elementos históricos. Filha da Floresta é apenas o primeiro livro do que inicialmente era uma trilogia, mas já se expandiu para seis livros. O quarto volume acabou de ser publicado aqui no Brasil pela Editora Butterfly e eu estou muito curiosa para descobrir como a autora vai continuar a série!