A Garota no Trem
Autora:
Paula Hawkins
Editora:
Record
Páginas:
377Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.Imagine-se em um ambiente literário, sendo o observador. Não consegue se aliar a nenhum personagem, tampouco desvendar seus segredos. Agora imagine-se odiando e amando cada um, mas sem saber o que eles guardam em seu íntimo. A Garota no Trem surpreende quando o assunto são pessoas, o que me deixou de queixo caído durante esta leitura.
Rachel é uma alcoólatra tentando se
sair do que a prejudica, mas sem força nenhuma para isso. Todos os dias ela
pega um trem que parte de sua cidade para Londres e, durante o trajeto, ela
tenta adivinhar – até mesmo imaginar – o que se passa na vida das pessoas que
ela consegue avistar de dentro de sua cabine. Ela possui seus preferidos, é
claro, e os nomeou como Jess e Jason, a ideia de um casal perfeito. Fantasiando
a vida do jovem casal que mora em uma casa vitoriana com vista para a linha do
trem, Rachel segue suas viagens diárias contente por saber que alguém, ao
menos, está feliz.
No entanto, em um determinado dia, ela vê algo acontecendo na casa do casal e aquilo a choca de imediato, o que a leva a se indagar de diversas formas sobre como o casal realmente vive. Poucos dias depois, a jovem Jess, cujo nome verdadeiro é Megan, desaparece. Mas Rachel, querendo ajudar nas buscas e sabendo que algo estranho acontecera dias antes enquanto viajava, decide informar a polícia sobre o ocorrido. Isso leva a mulher a participar das investigações, mas também a não colaborar com elas, de fato, pois Rachel vira Megan no dia de seu desaparecimento, mas estava bêbada e não se lembra do que acontecera.
A Garota no Trem é o primeiro livro de Paula Hawkins e já foi adaptado para o cinema. A autora inovou ao caracterizar cada personagem com seus adornos de sofrimento, de modo que é difícil nos identificarmos com eles, até mesmo com Rachel, a protagonista. Isso, de modo algum, atrapalhou a leitura. Pelo contrário, só atiça ainda mais a imaginação, o obscuro.
A narrativa é sensacional. Diálogos e pensamentos são tão vívidos que dão a ideia de que os personagens são reais. A trama cresce a cada página, e apesar de o começo apresentar uma proposta clichê, tudo despenca quando você menos espera. O passado vem à tona, de modo a ilustrar quem cada um é de verdade e nos instigar a escolher nosso lado. Digno de uma produção feita por Hitchcock ou até mesmo por Kubrick, o livro convence a muitos.
Por outro lado, há dois problemas nesse livro que me fez parar para pensar durante muito tempo. O primeiro é que a autora escolheu por descrever a vida de três mulheres extremamente dependentes de homens, sem emoção, que não conseguem se erguer sozinhas. Isso é um problema para as feministas, obviamente, mas, ao final do livro, com esse estilo narrativo, com a imagem da mulher inferiorizada, é fácil notar o que Paula quis fazer e compreender que tudo faz sentido. O segundo problema foi a surpresa final. Bem, é um livro muito previsível para quem está acostumado com trhillers. Entretanto, mesmo com um final desvendável, a história teve um final a la Agatha Christie.
Garanto que você verá o mundo com
outros olhos depois de lê-lo. Vai passar a observar mais as pessoas e querer se
agarrar à sua própria vida, pois ninguém é perfeito e certamente a pessoa que
você se espelha tem mais problemas que você. Na capa do livro há um comentário:
“Se você gostou de Garota Exemplar, vai devorar esse thriller psicológico”
É importante ressaltar que a narrativa
da Paula não tem absolutamente nada a ver com a da Gillian. Então, se você
gostou de Garota Exemplar não quer dizer que vá gostar desse livro, ou vice e
versa. São histórias muito opostas, mas que inundam nosso cérebro com perguntas
sutis, e nos destrói ao concluirmos.
A Garota no Trem é inovador, real e brutal. Um ótimo livro, uma ótima introdução de Paula Hawkins à literatura.
E para quem quiser saber um pouco da adaptação cinematográfica da obra, confira abaixo o trailer do filme homônimo:
A Garota no Trem é inovador, real e brutal. Um ótimo livro, uma ótima introdução de Paula Hawkins à literatura.
E para quem quiser saber um pouco da adaptação cinematográfica da obra, confira abaixo o trailer do filme homônimo:
por Saullo Brenner
Olá, tudo bom? Eu li A garota no trem ano passado, foi meu primeiro thriller e eu achei o começo meio lento e também fiquei confusa com os personagens, mas lá pro meio do livro já da pra ter uma ideia de para a onde a história esta indo, ainda assim o final é surpreendente. Adorei a resenha, abraços!
ResponderExcluirhttps://estandeanacronico.blogspot.com.br
Obrigado!!
ExcluirRealmente, no começo achamos que não vai rolar, mas a autora dá um tapa na nossa cara de repente!!
Oi Saullo,
ResponderExcluirOutro livro que está na estante aguardando para ser lido. Gosto bastante de Thrillers e ouvi vários comentários positivos tanto do livro quanto do filme. Não estou com a expectativa muito alta porque sei que quem leu o livro esperando uma obra prima se decepcionou um pouco.
Beijos, André
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Verdade!, mas vale a pena, sim! Por que esperar? É um livro muito inovador e muda nossos pensamentos rsrs
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